domingo, 11 de outubro de 2009

A janela




Não existe nada que ensine mais que a pura contemplação, onde temos que desligar o senso crítico, onde precisamos treinar o cérebro a ficar calado e simplesmente observar. O tempo esta cinzento, a chuva deu uma leve estiada e mais parece um borrifo de spray bem fraco. Percebo uma infinidade de interações ecológicas que talvez uma pessoa que não contempla a natureza e/ou que não tenha conhecimentos de ecologia não enxerguem.

Pequenas borboletas voam pelos ares, todas que eu vi da mesma espécie... mais uma safra de borboletas que metamorfosearam por agora... elas batem suas asas e quando chegam a uma certa altura elas simplesmente param de bater e descem planando, como se as asas fossem para-quedas. Parecem acompanhar a corrente de ar. Junto a isto vários passarinhos também voam e dão mergulhos no ar... certamente estão forrageando, estão caçando borboletas e insetos que, em época de chuva criam asas e voam para se reproduzir...cupins, formigas... todos ampliam a variabilidade genética da população voando para se reproduzir.

Percebo sobre a mata uma névoa... ela surge e se locomove lentamente em vários pontos da mata. Atraves desta névoa posso ver o vento... ela surge pela diferença de temperatura das massas de ar que vem com a chuva (uma massa fria) e a massa de ar que paira sobre os vegetais, que são mais quentes devido aos processos fisiológicos dos vegetais. É uma visão que não consigo descrever de uma forma que retrate exatamente a beleza e magnitude disto tudo... só quem vê e conhece sabe do que estou falando.

Posso enxergar a interação disto tudo... da vinda da chuva, com o bailar da névoa sobre as árvores, com a direção que as borboletas voam, com o frenesi dos passarinhos dando seus mergulhos no ar...

Em uma cidade a chuva não é bem vinda, traz desmoronamentos, engarrafamentos, tormentos diversos... e sempre culpamos e odiamos a natureza por estes transtornos que, em verdade foram criados por nós mesmos quando optamos por nos separar do todo.

A grande maioria é ignorante, burra ou fala e observa com futilidade e leviandade, mas o certo é que a bênção da chuva faz as coisas se moverem... ciclos vitais são renovados, surgem novos seres que necessitam deste ciclo para existirem... ciclo este que o humano esta alterando completamente.

O conhecimento é uma maldição! Os que não o possuem não sofrem... estão com suas preocupações restritas a mesquinharia de um mundo que, apesar de ser real, não é natural... as contas, a ostentação de poder financeiro, a ganância... tudo é mais importante neste mundo, mais importante até do que o que possibilita a existência dele...

Tento observar a cena em minha janela e gravar em minha memória, pois sei que estou observando algo que breve não será mais possível ver fora dos documetários... e o que for possível ver em pequenas reservas que sobrarão( a muitas custas) terá um preço financeiro a se pagar.

Nós, os que observam e entendem a importância da manutenção das coisas naturais somos taxados de loucos... oprimidos e massacrados pelo avanço do desenvolvimento capitalista, somos ignorados e ridicularizados, somos atados completamente e nos obrigam a nos contentar apenas com as pequenas ações que, de fato, nada resolverão. Qual a razão de continuar existindo neste mundo artificial?

O tempo continua cinza La fora... a briza gelada entra pela janela, estiou! A claridade começa a aumentar dando sinal que as nuvens se dissipam... as borboletas continuam voando... os pássaros também, voam e cantam... e os homens estão se divertindo bebendo para se entorpecer e esquecer das dificuldades e problemas causadas por uma vida neste mundo artificial...uns ostentam seus carros...outros freqüentam bares caros... eles acham que estão vivendo...



Igor Monteiro

sábado, 10 de outubro de 2009

Vício

A ignorância é uma virtude e o conhecimento é um vício cruel e maléfico, só traz sofrimento!

"se comeres deste fruto, certamente morrerás" afirma o Gêneses... existe morte mais cruel que o sofrimento de conhecer e estar atado?



Igor Monteiro

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Entranhas do saber

Abandonei o sofismo da vida quando mergulhei de cabeça nas entranhas do conhecimento, o gozo do saber é muito maior que o gozo do "ganhar" um debate, o silêncio se torna virtude quando é opcional e não quando é a última alternativa por falta de retórica. Sofistas são vazios e dependem do debate para localizar falhas no discurso e tentar prevalecer, conhecedores estão mais a fundo, estão observando a essência dos assuntos, estão aprendendo com o conteúdo e rindo-se dos sofistas, mas o preço a se pagar é a solidão e a não compreensão... mas vale a pena!


Igor Monteiro