domingo, 7 de abril de 2013

tempos depois.. ainda sem fé!



São 03:57h da madrugada do dia 7 de abril de 2013, apesar da sensação de cansaço e dos olhos pesados e ardidos, minha mente resolveu que eu não dormirei hoje novamente. Que posso fazer? Abro a janela do quarto, observo o silêncio da rua pacata.. silencio, solidão... observo as estrelas do céu, os gatos passeando sorrateiros ...Na geladeira o resto do vinho da gostosa e burra noite anterior... gostosa pelos ocorridos, burra pelo escudo pontiagudo empunhado ao final.



Nesta madrugada, sendo viabilizado pelo teor alcoólico do vinho e pela insônia mental, consigo novamente ascender a uma realidade que dei as costas há um tempo... uma face da realidade interior! Turbulências vitais nos engrossam as cascas, ainda que o íntimo seja aquoso...e estas cascas uma vez espessas, criam pontas e espinhos que machucam a quem se aproxima, ainda que sem intenção!

Ao mesmo tempo em que o silencio e a solidão da madrugada dão força... maltratam. Sobretudo quando nas reflexões, vemos que os fantasmas interiores são tenebrosos, e assustam mesmo os mais bem adaptados ao mundo dos fantasmas.

Porque será que é tão difícil não ferir e machucar quem se aproxima com nossos próprios espinhos, ainda que eles tenham sido criados por autodefesa?

É tão triste perceber que já não há mais fé... no inicio, logo quando percebemos que a ausência dela se instaura, é tranquilo.. fácil! Mas com o tempo... a ausência de fé é tenebrosa...sobretudo porque é uma das poucas coisas que de fato não retornam quando se vai. Quando não se consegue mais ter fé em coisas simples, aprendemos a conviver com o vazio... mas uma hora este vazio incomoda...

O arrependimento é algo cruel... pois é compadecer-se de algo que não tem concerto. Como conviver com este dilema: Se desarmar, quebrar os próprios espinhos para não fazer sangrar a quem se aproxima e correr riscos de reviver coisas desagradáveis e dolorosas ou permanecer com nossa própria armadura e se adaptar as consequências dela?

Se pudesse realizar um desejo... só um.. eu desejaria voltar a ter fé nas coisas! Mas até para isto, seria necessário um resquício dela.

Há quem se seduza pelos dráculas... hoje eu penso que a vida de vampiros é uma vida digna de pena... viver eternamente se afastando das pessoas que gosta para não as fazer sofrer, viver na solidão eterna... condenando ao mesmo sofrimento os que se aproximam demais, e aparentando ser um modo de vida feliz!

É hora de deitar.. acabou o vinho... os gatos sumiram, a rua ainda silenciosa...e o coração oco contrastando com a mente cheia!