domingo, 23 de agosto de 2009

Aquele arrebol sobre as nuvens



São 04:18 da madrugada de 23 de agosto , não consigo dormir, pois minha mente não pára... meu corpo implora por descanso mas a mente não liga...esta a pensar de forma incessante. Acompanhando minha mente esta meus batimentos cardíacos, que de tão acelerados e altos fazem um som terrível no silêncio da madrugada.

É uma guerra feia, meu lado emocional a todo vapor , fazendo aqueles frios na boca do estômago, a boca seca, as mãos trêmulas e suando, as pernas balançando num frenesi incontrolável...meu lado racional tenta conformar o emocional, tenta convencer que foi apenas uma etapa, uma experiência maravilhosa, sublime, um estado alterado da consciência.

No retorno vislumbrei o arrebol lá das alturas, observei por cima das nuvens o horizonte, sem nenhuma palavra... sem nenhum pensamento, apenas entendendo e aprendendo da fonte ,o universo. De alguma maneira percebi os segredos do arrebol...a magia nele contida, mesma magia que havia sentido na noite anterior...experiência mística, experiência mágicKa, sentir cheiros e sabores, e estes permanecerem após a ausência da fonte originária de forma tão intensa que percebo que a realidade é extremamente relativa, o real e o imaginário são entrelaçados, para alegria e sofrimento.

O cheiro da essência da pele, sem interferências, cheiro que atiça e aguça a mente, que faz transcender e observar as cores vibrantes do fundo dos olhos castanhos escuros. O sabor adocicado que vira fel quando racional tenta gerenciar... Sabor que pode ser sentido com o tato dos lábios numa experiência única e perfeita, sentindo o atrito úmido de cada célula, de cada molécula e de cada átomo, arrebatando os sentidos e fazendo o chão desintegrar-se , restando apenas a sensação de estar flutuando sobre as nuvens... o som de uma multidão se cala, as luzes se apagam e tudo o que resta é o vácuo e as sensações.

Quantos segredos terá o arrebol? Porque temos que tentar racionalizar cada passo de uma vida medíocre e podar a real razão de ser, que é deixar fluir o natural? Escuto a mesma música há mais de 5 horas seguidas... as sensações daquela noite sublime de certa maneira me acalma e me revolta, e esta música entra na sintonia, tendo em sua melodia o bailar dos sonhos e em sua letra a opressão da realidade.

Quem vencerá nesta guerra entre racional e emocional? Será possível uma vitória de algum dos lados? Creio que não, pois não existem lados, ambos compõem o mesmo... eu!

Sei que tenho que descansar... que dormir... mas a mente não pára... talvez ela esteja achando que já está dormindo, que tudo não passou de um sonho e que ele ainda está acontecendo , por isto ela se mantém ativa. Porque temos momentos sublimes como estes, se eles não podem ser constantes? A inconstância deles traz sofrimentos, mas um bom sofrimento. No fundo todos somos sadistas e masoquistas.

Dinheiro, bens, aparências , ouro... tudo futilidade se comparado a momentos como estes, onde o caráter íntegro faz desnecessárias quaisquer palavras, a alma grita, e no lugar de som sai luz, um brilho que vem do centro escuro da pupila e que é tão forte que cega muitos, porem mesmo com tamanha magnitude , poucos enxergam.

Ainda sinto o sabor... a textura...a fusão de almas... mas sinto também a dor conseqüente disto tudo . A cada instante releio aquela mensagem, e divago... e me animo... e sofro... Estava frio, mas me sentia aquecido, agora sinto-me frio em meio ao calor.

Vou deitar, ja vejo o arrebol da alvorada, o relógio marca 05:08, mas sei que não dormirei... há um grito reprimido dentro de mim que só eu escuto, falta-me um pedaço... o tendão de Aquiles foi tocado, e quanto a isto não há remédio senão o tempo... novamente terei que tomar deste amargo remédio, o tempo!

A propósito, a música que me embala nesta madrugada é “cachorro urubu”, de Raul Seixas...

Igor Monteiro

domingo, 9 de agosto de 2009

DEGENERAÇÃO HUMANA




Ha muitos e muitos anos profissionais observadores da natureza (biólogos, naturalistas,oceanólogos, etc) sempre advertiram sobre as consequências de grandes mudanças causadas pela humanidade na natureza, sempre foram ignorados, hostilizados, feitos de piada, desacreditados... Nas ultimas décadas, devido aos fatos inquestionáveis que a mãe terra vem mostrando, a humanidade resolveu “acordar” e promover uma série de eventos e medidas para tentar reduzir a grande degradação ambiental holística causada pelas atitudes estúpidas e egoístas dos homens.

Hoje o mundo tem uma preocupação enorme com o meio ambiente, mas infelizmente, para a tristeza dos verdadeiros guerreiros em prol da vida, o modismo das “causas ambientais” vem sendo usado como “pano de fundo” para mover o mercado financeiro do mundo todo.

É triste observar que as pequenas ações ambientais existentes no mundo são motivadas apenas pelas vantagens econômicas, e não pela real necessidade de manutenção do planeta, da vida. Se alguma causa ambiental não for render lucros financeiros, empresas, estados e países não se mobilizam e, sobretudo, minimizam a necessidade tripudiando e fazendo chacota dos que realmente entenderam que o homem não é dono do planeta, mas parte integrante dele, que é como um dos vértices de um triângulo onde necessita de todos os ângulos para se manter como tal, e que a ausência de alguma faceta implica na inexistência do todo.

Há quem diga que muito já foi feito e que algo mudou... é verdade! Muito já foi feito ( pelas pelos motivos errados,mas foi feito), mas nada mudou!

Algo mudará quando, pelo menos 2/3 da humanidade eliminar o antropocentrismo de suas vidas e entender que ganhos e lucros financeiros não são motivos para a manutenção saudável da natureza do planeta, e sim a coexistência igualitária de todas as formas de vida e a preservação e conservação dos fatores que possibilitem a existência de cada uma delas.

Algo mudará quando o termo “animal” for entendido como realidade de “ser” e não como afronta ou desrespeito e o humano se entender e aceitar sua realidade animal... Quando ao observar algum animal o humano o enxergue como igual e o respeite como ser-divino, e não como seu súdito.

O que já foi mudado não voltará ao seu natural, o máximo que se pode fazer é desacelerar ( já que a imbecilidade humana impedirá o “pare!”) estas mudanças nocivas a vida.

A terra esta dando seu recado, embora 95% dos humanos ou não entenderam ou ignoraram uma verdade: “ A natureza não se defende... a natureza se vinga”.


Igor Monteiro

sábado, 1 de agosto de 2009

Pé de chumbo

" um dia vou desacelerar, vou ter que desacelerar até parar de vez... todo mundo para um dia!

Mas por enquanto estou numa freeway.. acelero até o limite...em tudo...a liberdade da velocidade e do dinamismo me fas[cina], me deram uma opção de acelerar...acelero!

É como se alguém te desse uma Ferrari, te colocasse num autódromo e você dirigisse a 20 por hora o tempo todo! ora... a lei é: engate a primeira, acelere, ganhe velocidade..pise fundo.. depois desacelere e pare com o motor batido. Esta é a [minha] vida...ninguém tem direito nem de se meter nela, a não ser eu mesmo.. sou soberano dela!

Quero ser lembrado como um bom piloto, e não como um que desperdiçou a chance de voar"


Igor Monteiro