domingo, 4 de janeiro de 2009

Arquivos Históricos II



São exatamente 03:58 da madrugada de 28 de Fevereiro de 2008, o sono não me acha, aliás.. tanta coisa não me acha... Ao olhar pela janela contemplo os sons da madrugada, cercada com uma atmosfera misteriosa, temerosa, vazia. Nada de buzinas, máquinas, carros.. apenas o som do forte vento lutando contra a estabilidade das folhas das árvores... imitando a chuva.

Na madrugada, ou melhor, no silencio da madrugada é quando consigo escutar com melhor precisão os meus sentimentos. Sim, eles gritam em meu universo interior, no vazio que sinto esta noite. Um sentimento lúgubre, onde os medos se expressam e a esperança sucumbe. Já fui traído pela esperança, e isto foi a gênese de mais um de meus muitos medos inexprimíveis. Neste momento parece que até a fé me abandonou...me deixando a sós com a madrugada e o som do vento nas folhagens... nesta atmosfera misteriosa e aterrorizante.

Ah... Quisera eu entender os meus próprios sentimentos... meus medos... Neste momento vejo a minha fraqueza, creio que minha única fraqueza, uma vulnerabilidade sentimental que me torna submisso. Ó esperança, porque me abandonastes neste instante? Ó fé, porque enfraquecestes?
Medíocre sou eu neste instante, sem fé... sem esperança... sem amor. Apenas existindo... sem razão.. sem porque.

Estaria eu sonhando? Seria a vida um sonho, e os sonhos o céu? Talvez...nos sonhos somos deuses... onipotentes...oniscientes...onipresentes... Queria eu que ao menos o sono viesse me beijar neste momento, para que eu virasse deus no meu paraíso... eu, na minha onipresença, já teria endereço certo a visitar nesta madrugada. Visitaria o leito da mulher que até o momento tem me feito ter fé na esperança, ela que me fez encontrar a renascença sentimental...Acariciaria seu rosto meu minhas mãos divinas, afagaria seus cabelos... velaria por ela, contemplaria o seu sono como quem contempla um tesouro.


Neste momento surge o medo. Estaria eu apenas momentaneamente a amar? Seria novamente traído pela esperança? Ou pior... seria traído pelos meus sentimentos? Temo a extinção repentina deste amor, temo a não reciprocidade... temo me machucar novamente, pois, se isto ocorresse certamente o meu lado mais sublime, desapareceria, me endureceria de tal pondo que talvez não fosse capaz de amar e esqueceria como ser amado. Me analisando neste momento percebo que não há sentimento algum senão o medo. Amor, Esperança e Fé, a trindade que justifica a vida, e neste momento as três me desampararam.. assim como o sono. Não sinto o amor...nao tenho esperança nem fé e nem consigo me endeusar no paraíso dos meus sonhos, pois a falta de sono me aprisionou aki, nesta madrugada silenciosa e vazia.

Já são 04:35 da madrugada... deitarei meu corpo na súplica pelo sono, onde serei deus por alguns instantes, e sendo deus poderei ordenar que a fé e a esperança voltem a habitar meu ser... e com a fé e a esperança em mim sentirei o amor... ao menos no sonho.


Igor Monteiro

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